22 de janeiro de 2007

Festival nacional de teatro de amadores

AGENDA: DIA 27 JANEIRO A LIÇÃO, de Eugène Ionesco Encenador Manuel Ramos Costa Pelo Contacto - Companhia de Teatro Água Corrente de Ovar DIA 3 FEVEREIRO (N)A TUA AUSÊNCIA, de Paulo Ferreira Encenador Luís Mendes Pelo TPN - Teatro Passagem de Nível (Amadora) DIA 10 FEVEREIRO A VIZINHA DO LADO, de André Brun Encenador João Gomes Pelo Grupo Renascer (Esmoriz) DIA 24 FEVEREIRO HUMOR NÃO PAGA IMPOSTO, de Fernando Marques Encenador Francisco Nogueira Pelo Grupo Dramático Beneficente de Rio Tinto (Gondomar) (Revista à Portuguesa) DIA 10 MARÇO ATÉ ÀS CINZAS, de Joaquim Murale Encenador José António Pelo ACGITAR (Gondomar) DIA 17 MARÇO KIKERIKISTE, de Paul Maar Encenador José Teles Pelo Cegada Grupo de Teatro (Alverca) DIA 24 MARÇO Encerramento c/ sessão de entrega de prémios MÉDICO À FORÇA, de Molière Encenador António Clemente Pelo Ultimacto - Grupo de Teatro de Cem Soldos (Tomar) (Extra-concurso)
Rita I.

20 de janeiro de 2007

Otelo no TNSJ

Foto de Estela Silva/Lusa "Otelo", de Shakespeare, com encenação de Nuno Cardoso e uma co-produção do Tnsj com O Cão Danado e Companhia! A tragédia que William Shakespeare escreveu por volta de 1603! «O próprio encenador caracteriza a peça como "uma cisterna profunda, onde se mergulham as emoções e os dramas humanos". Ou como um "ringue frio" em que a luta é a da comunicação e a da distorção, em que à "inteligência de quem conduz" se opõe "a paixão de quem é levado". Porque, na verdade, é de paixão e de traição que trata "Othello", que o público britânico viu pela primeira vez no Whitehall Palace de Londres, corria o ano de 1604.»
Rita I.

7 de janeiro de 2007

A Preparação do Actor

"...Acordei tarde no dia seguinte. Quando cheguei ao teatro já toda a gente estava à espera na sala de ensaios. Fiquei tão embaraçado que, em vez de pedir desculpa, disse unicamente: - "parece-me que cheguei um pouco atrasado". O assistente do director, (...), lançou-me um longo olhar torvo e disse finalmente:
_ Estamos fartos de esperar por si! Estamos todos enervados e sob tensão, e tudo o que encontra para dizer é que lhe parece que chegou um pouco tarde!... Chegámos aqui cheios de entusiasmo, prontos para começar, e agora, por sua causa, ninguém já tem vontade de trabalhar. É difícil fazer despertar a inspiração criadora mas destruí-la é extremamente fácil. O seu próprio trabalho depende unicamente de si, mas não tem o direito de dificultar o trabalho dos seus camaradas. O actor, como o soldado, tem de submeter-se a uma disciplina de ferro.
Apesar das minhas desculpas, (...) decidiu acabar ali a aula. O primeiro ensaio devia ser um acontecimento importante na vida de um actor e guardar-se dele a melhor recordação possível. Naquele dia eu tinha estragado tudo com o meu desleixo: o ensaio foi adiado para o dia seguinte (...)".
in "A Preparação do Actor" de Konstantin Stanislavski
Maria

3 de janeiro de 2007

MURIEL

Às vezes se te lembras procurava-te retinha-te esgotava-te e se te não perdia era só por haver-te já perdido ao encontrar-te Nada no fundo tinha que dizer-te e para ver-te verdadeiramente e na tua visão me comprazer indispensável era evitar ter-te Era tudo tão simples quando te esperava tão disponível como então eu estava Mas hoje há os papéis há as voltas dar há gente à minha volta há a gravata Misturei muitas coisas com a tua imagem Tu és a mesma mas nem imaginas como mudou aquele que te esperava Tu sabes como era se soubesses como é Numa vida tão curta mudei tanto que é com certo espanto que no espelho da manhã distraído diviso a cara que me resta depois de tudo quanto o tempo me levou Eu tinha uma cidade tinha o nome de madrid havia as ruas as pessoas o acomodato os bares os cinemas os museus um dia vi-te e desde então madrid se porventura tem ainda para mim sentido é ser solidão que te rodeia a ti Mas o preço que pago por te ter é ter-te apenas quanto poder ver-te e ao ver-te saber que vou deixar de ver-te Sou muito pobre tenho só por mim no meio destas ruas e do pão e dos jornais este sol de Janeiro e alguns amigos mais Mesmo agora te vejo e mesmo ao ver-te não te vejo pois sei que dentro em pouco deixarei de ver-te Eu aprendi a ver a minha infância vim a saber mais tarde a importância desse verbo para os gregos e penso que se bach hoje nascesse em vez de ter composto aquele prelúdio e fuga em ré maior que esta mesma tarde num concerto ouvi teria concebido aqueles sweet hunters que esta noite vi no cinema rosales Vejo-te agora vi-te ontem e anteontem E penso que se nunca a bem dizer te vejo se fosse além de ver-te sem remédio te perdia Mas eu dizia que te via aqui e acolá e quando te não via dependia do momento marcado para ver-te Eu chegava primeiro e tinha de esperar-te e antes de chegares já lá estavas naquele preciso sítio combinado onde sempre chegavas sempre tarde ainda que antes mesmo de chegares lá estivesses se ausente mais presente pela expectativa por isso mais te via do que ao ter-te à minha frente Mas sabia e sei que um dia não virás que até duvidarei se tu estiveste onde estiveste ou até se exististe ou se eu mesmo existi pois na dúvida tenho a única certeza Terá mesmo existido o sítio onde estivemos? Aquela hora certa aquele lugar? À força de o pensar penso que não Na melhor das hipóteses estou longe qualquer de nós terá talvez morrido No fundo quem nos visse àquela hora à saída do metro de serrano sensivelmente em frente daquele bar poderia pensar que éramos reais pontos materiais de referência como as árvores ou os candeeiros Talvez pensasse que naqueles encontro sem que talvez no fundo procurássemos o encontro profundo com nós mesmos haveria entre nós um verdadeiro encontro como o que apenas temos nos encontros que vemos entre os outros onde só afinal somos felizes Isso era por exemplo o que me acontecia quando há anos nas manhãs de roma entre os pinheiros ainda indecisos do meu perdido parque de villa borghese eu via essa mulher e esse homem que naqueles encontros pontuais Decerto não seriam tão felizes como neles eu pois a felicidade para nós possível é sempre a que sonhamos que há nos outros Até que certo dia não sei bem Ou não passei por lá ou eles não foram nunca mais foram nunca mais passei por lá Passamos como tudo sem remédio passa e um dia decerto mesmo duvidamos dia não tão distante como nós pensamos se estivemos ali se madrid existiu Se portanto chegares tu primeiro porventura alguma vez daqui a alguns anosjunto de califórnia vinte e um que não te admires se olhares e me não vires Estarei longe talvez tenha envelhecido Terei até talvez mesmo morrido Não te deixes ficar sequer à minha espera não telefones não marques o número ele terá mudado a casa será outra Nada penses ou faças vai-te embora tu serás nessa altura jovem como agora tu serás sempre a mesma fresca jovem pura que alaga de luz todos os olhos que exibe o sossego dos antigos templos e que resiste ao tempo como a pedra que vê passar os dias um por um que contempla a sucessão de escuridão e luz e assiste ao assalto pelo sol daquele poder que pertencia à lua que transfigura em luxo o próprio lixo que tão de leve vive que nem dão por ela as parcas implacáveis para os outros que embora tudo mude nunca muda ou se mudar que se não lembre de morrer ou que enfim morra mas que não me desiluda Dizia que ao chegar se olhares e não me vires nada penses ou faças vai-te embora eu não te faço falta e não tem sentido esperares por quem talvez tenha morrido ou nem sequer talvez tenha existido. Ruy Belo ... na minha opinião, um dos poemas mais bonitos... «Poemas de Ruy Belo apresentação e selecção de Luís Miguel Cintra» Assírio & Alvim Colecção de Sons da Assírio & Alvim
Rita I.
Let It Be - Beatles When I find myself in times of trouble Mother Mary comes to me Speaking words of wisdom, let it be. And in my hour of darkness She is standing right in front of me Speaking words of wisdom, let it be. Let it be, let it be. Whisper words of wisdom, let it be. And when the broken hearted people Living in the world agree, There will be an answer, let it be. For though they may be parted There is still a chance that they will see There will be an answer, let it be. Let it be, let it be. yeah There will be an answer, let it be. And when the night is cloudy, There is still a light that shines on me, Shine on until tomorrow, let it be. I wake up to the sound of music Mother Mary comes to me Speaking words of wisdom, let it be. Let it be, let it be. There will be an answer, let it be. Let it be, let it be, Whisper words of wisdom, let it be. .... já há tantas guerras no mundo.....
Diogo

2 de janeiro de 2007

Excerto da peça Crave de Sarah Kane - Teatro Completo

"E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e passar à máquina as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te cassetes que tu não ouves e dar-te filmes óptimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar-te fotografias a dormir e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber um café à meia nopite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir um bocado e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo do teu e sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar a casa e se sentar nos degraus a fumar até tu chegares a casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me para o teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando te ris e não compreender porque é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não, existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a faalr a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto que porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem eu sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algum do / esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti." Kane - 2000, pp.239-241
Maria

1 de janeiro de 2007

BOM ANO 2007!